Mundo VUCA

Mundo VUCA

Complexidade, estratégia e competição de mercado

     As mudanças que ocorrem no mundo dos negócios têm uma velocidade impressionante. As organizações vão sendo empurradas como se estivessem numa esteira fabril. Se começam a aderir às mudanças, precisam correr muito para acompanhá-las; se resistem, são guinchadas ou correm o risco de ficarem em alguma página do passado da história.

     O fato é que algumas dessas empresas que resistem às mudanças, mesmo correndo todos os riscos, continuam sendo bem-sucedidas e outras não. Isso nos joga num inconclusivo emaranhado de teorias sobre estratégias.  

     Essas mudanças ocorrem desde as empresas mais simples às mais complexas, desde o agronegócio às mais avançadas empresas de tecnologia. Vivemos nossas alegrias e nossas dores particulares desse período histórico, impactado pela revolução tecnológica, que ainda não alcançou o seu auge, mas que já está em nossas mãos.

     Tudo isso nos fez imergir no chamado Mundo VUCA.

     O termo VUCA é um acrônimo utilizado para resumir o momento atual em quatro características: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. Esse termo surgiu na década de 1990 no ambiente militar americano (U.S. Army War College), que utilizou esse conceito para explicar o contexto pós-Guerra Fria. Esse termo tem sido amplamente utilizado também quando tratamos do ambiente de negócios atual, em que tanto os sujeitos quanto as organizações têm sido impactados pela frenética mudança de paradigmas.

 

     Os termos têm os seguintes significados:

  • Volatilidade (Volatility) – Velocidade e aceleração das mudanças. Perdemos o conceito de estabilidade do planejamento. Tornou-se difícil prever cenários. Temos que nos preparar para lidar com o inesperado constantemente.   
  • Incertezas (Uncertainly) – Imprevisibilidade, senso de perplexidade, sensação de insegurança e desconforto. Mudanças disruptivas. As soluções de hoje não serão adequadas para o futuro.
  • Complexidade (Complexity) – Confusão e incertezas no ambiente organizacional. Pouca clareza e foco. Os modelos tradicionais de gestão de riscos e tomada de decisão foram impactados por um número de variáveis muito grande, porque agora estamos interconectados e qualquer movimento impacta toda a rede.
  • Ambiguidade (Ambiguity) – Temos mais mídias e a comunicação perdeu qualidade. A tomada de decisão não pode mais ser baseada no histórico do processo ou em experiências anteriores, porque o contexto exige diferentes interpretações.

     Nada disso pode ser vivido sem sofrimento. As organizações estão constantemente tendo que se rever para que possam ter sustentabilidade. Ainda convivemos com a herança genética das revoluções industriais, que nos obrigam a ter um comportamento conhecido para lidar com o imprevisível.

    Conviver no mundo do trabalho tornou-se uma arte que exige conhecimento de noções de sobrevivência. Como consequência de um ambiente volátil, incerto, complexo e ambíguo, vamos ver a crescente necessidade de tratar de aspectos éticos.

     A Volatilidade da qual estamos falando é um dado muito importante porque não pode ser confundida. A flexibilidade não supõe a negação das raízes. Um bom exemplo do que estamos falando foi a repaginação das lojas das sandálias Hawaianas, que passaram por mudanças, mas cujo interior guarda a memória da barraca de feiras populares, onde tudo começou. Volatilidade pode significar versatilidade, capacidade de adequação da linguagem, mas não pode perder-se num processo de mutação que negue os próprios valores. E isso vale para as organizações e vale para as pessoas.

     A Imprevisibilidade está muito bem representada pelas alterações de temperatura e condições climáticas, provocadas naturalmente pelo comportamento humano, que ignora as consequências de suas atitudes. A mesma imprevisibilidade que não garante precisão nos prognósticos dos cientistas do tempo ocorre nas empresas, o que torna a estratégia empresarial uma peça que precisa ser revista diariamente e adaptada às novas exigências de mercado. E isso vai exigir que todos os colaboradores rapidamente assimilem a forma como terão que adequar as tarefas para dar respostas. Esse ritmo frenético tem sempre a aceleração necessária para produzir os resultados esperados.

     A Complexidade está posta na quantidade de variáveis que são necessárias e o tratamento que precisamos dar a cada uma delas. Por vezes vamos nos deparar com questões que podem ser inconciliáveis. E nesses casos teremos que acionar a nossa capacidade seletiva de optar pelo que está adequado ou não ao negócio no qual estamos inseridos. Lidar com a dinâmica e os movimentos num ambiente com variáveis diversas, muitas fora do nosso controle, vai exigir um exercício diário de análise crítica. Tudo isso vem perturbar um dos nossos valores mais importantes: o tempo.

     Por fim, a Ambiguidade é transversal nesse cenário, porque aqui está a produção da comunicação que, numa sociedade emocional, sofre a problemática da interpretação. Se existem formas de entendimento diferentes de um mesmo contexto, isso é o primeiro requisito para termos um cenário de conflitos e que pode impactar a produtividade. A grande quantidade de mídias que foram produzidas não parece que favoreceu a qualidade da comunicação, que muitas vezes, ao contrário, está contribuindo para a produção do ambiente caótico.

     Tudo isso nos leva à convivência com um mundo do trabalho que busca alternativas para fugir do conceito etimológico da palavra cuja origem é o temo em latim tripallium – um instrumento de tortura na Idade Média. Até quando teremos no local de trabalho instrumentos de produzir pessoas infelizes num ritmo alucinante e cruel? Até onde o entendimento do Mundo VUCA  pode nos favorecer a encontrar caminhos mais ágeis e com menos sofrimento? A Psicologia Positiva vem buscando responder a algumas dessas perguntas aliadas a outras ciências.

     É preciso encontrar alternativas para conviver com um mundo em ebulição, porque somos atores em cena aberta. A história não muda, somos nós que temos que encará-la e, sobretudo, vivê-la com saúde e aproveitando o melhor desse tempo. Espero que este texto provoque você a buscar saber mais como a Psicologia Positiva pode ajudá-lo.   

Bibliografia:     

RIFKIN, JEREMY. Sociedade com Custo Marginal Zero. São Paulo: M.Books do Brasil Editora Ltda, 2016.

TANURE, BETANIA. Gestão à Brasileira: Somos ou não diferentes? São Paulo: Editora Atlas S.A., 2010.

WHEATLEY, MARGARET J. Liderança para tempos de incerteza – A descoberta de um novo caminho. São Paulo: Cultrix, 2006.

 

Webgrafia:    

https://claudiaklein.com.br/2019/06/os-desafios-do-mundo-vuca/

https://administradores.com.br/artigos/o-que-e-o-mundo-vuca

Ricardo de Sá

Mestre em Sistemas de Gestão, Psicólogo, Arte educador, Ator, Especialista em Psicologia Positiva e Educação Estética e Professor em cursos de pós-graduação no Brasil, Chile, Equador e Uruguai.

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